Você sabia que, exatamente no mesmo momento em que você dá a descarga em sua privada, milhares (ou talvez milhões) de outras pessoas ao redor do planeta estão fazendo a mesma coisa? Já parou pra pensar em quantas pessoas estão lendo ou pronunciando a palavra “palavra” junto com você, bem agora, onde quer que elas estejam? Talvez num jornal, num livro, numa conversa informal, numa palestra ou mesmo aqui, neste blog. No Japão, na Turquia, no Tocantins, no Amapá, na Ilha do Governador, no Bairro de Fátima ou em Londres. Nunca saberemos, muitos não acreditarão, mas tamanha coincidência é mais que possível. Uns de nós já passamos por esses sincronismos, com maior ou menor freqüência. Coincidência ou acaso? Destino?
Então me diga: o que seria esse tal amor? Dentre os bilhões de seres humanos que habitam o globo, uma pessoa em especial te escolheu e foi escolhida por você. Tal “escolha” aconteceu ou por vocês terem crescido na mesma rua, ou por estudarem juntos, por trabalharem no mesmo local, ou apenas por morarem no mesmo estado e um dia terem se esbarrado por aí, num clube, numa festa, numa fila que não andava em um banco. E o que teria sido esse encontro? Vidas seguindo caminhos predestinados? Ou será apenas porque é mais fácil conhecer “aquele alguém” numa das situações acima do que ao passar uma semana de férias na Ásia? E aí, e se o verdadeiro grande amor da sua vida for uma camponesa que está colhendo arroz no Vietnã, ao invés da sua esposa, a quem você conheceu na faculdade há seis anos? E se esse garotão por quem você fica derretida for apenas cisma sua, pois talvez o homem que reúne todos os atributos para te fazer feliz seja um inglês que está agora ouvindo The Smiths em um quarto frio em Manchester?
Teríamos então que rodar por todos os continentes e tentar conhecer todas as pessoas do mundo para encontrar o amor verdadeiro? Isso é fácil de fazer, certo? E isso seria o certo? Não creio que seja bem assim.
Não estou falando em almas gêmeas ou vidas escritas nas estrelas desde antes do nascimento (embora talvez até seja esse o caso, quem sabe?), mas de um ponto de vista menos empolgado, basta analisar o que acontece ao redor e o que acontece dentro de si mesmo. As coisas são como são e acontecem como acontecem e pronto! Acho que está além da compreensão. Pode ser apenas um fenômeno natural, afinal de contas, salmões nadam contra a correnteza de um rio, nem todos conseguem chegar à nascente, e apenas alguns terão a competência (ou sorte) de encontrar a foz e poder se reproduzir. Nós também? Você aceitaria esse destino tranqüilamente? Ora, faça um movimento humano ao menos de agora em diante! Nós não somos salmões! Se você já se achou com relação a este assunto, beleza. No entanto, se aquele "alguém" que você queria não acha que você é aquele "alguém" que ele(a) queria, vá em busca de quem ache que você é esse "alguém", pois pode ser que esse "alguém" também esteja por aí em busca de você! Você vai achar quem concorde com seu achado. É melhor do que gastar tempo precioso de sua vida, que nunca se sabe quando acabará, remoendo tristezas e rancor, seja de quem for, seja de si mesmo (no fim das contas, acaba sendo).
Se tem uma coisa que estar só proporciona é bastante tempo para refletir-se sobre a solidão. Ou apenas pensar besteiras meio infundadas, como fiz agora. Bom, ao menos fiz isso sozinho.