quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ramos



Sinto-me honrado de ter o mesmo sobrenome...
Um dia meu coração padeceu da mesma angústia que o de Graciliano.
Nunca fui capaz de traduzir e informar o que sentia como o fez Graciliano.
Jamais serei.

Deixo aqui uma de suas cartas de amor a Heloísa. Aproveito para recomendar que visitem o blog que me inspirou a chegar neste post: O N Z E P A L A V R A S.

Então lá vai: a carta de Graciliano Ramos em resposta a Heloísa, que lhe havia escrito antes uma missiva de meras duas linhas e meia, meras onze palavras...

"Heloísa:
Chegaram-me as duas linhas e meia que me escreveste. Pareceram-me feitas por uma senhora muito séria, muito séria! muito antiga, muito devota, destas que deitam água benta na tinta.
Tanta gravidade, tanta medida, só vejo em documentos oficiais. Até sinto o desejo de começar esta carta assim: "Exma. Sra.: tenho a honra de comunicar a V. Exa., etc."
Onze palavras! Imaginas o que um indivíduo experimenta ao receber onze palavras frias da criatura que lhe tira o sono? Não imaginas. E sabes o que vem a ser isto de passar horas da noite acordado, sonhando coisas absurdas? Não sabes. Pois te conto.
Sento-me à banca, levado por um velho hábito, olho com rancor uma folha de papel, que teima em conservar-se branca, penso que o Natal é uma festa deliciosa. Os bazares, a delegacia de polícia, a procissão de Nossa Senhora do Amparo... E depois o jogo dos disparates, excelente jogo. " Iaiá caiu no poço". Ora que poço! Quem caiu no poço fui eu.
Principio uma carta que devia ter escrito há três meses, não posso concluí-la. Fumo cigarros sem conta, olhando um livro aberto, que não leio. Dança-me na cabeça uma chusma de idéias desencontradas. Entre elas, tenaz, surge a lembrança de uma criaturinha a quem eu disse aqui em casa, depois da prisão do vigário, nem sei que tolices.
Apaga-se a luz, deito-me. Que vieste fazer em Palmeira? Por que não te deixaste ficar onde estavas?
Não consigo dormir. O nordeste, lá fora, varre os telhados. Na escuridão vejo distintamente essa mancha que tens no olho direito e penso em certa conversa de cinco minutos, à janela do reverendo. Por que me falaste daquela forma? Desejei que o teto caísse e nos matasse a todos.
Andei criando fantasmas. Vi dentro de mim outra muito diferente da que encontrei naquele dia.
Por que me quiseste? Deram-te conselhos? Por que apareceste mudada em vinte e quatro horas? Eu te procurei porque endoideci por tua causa quando te vi pela primeira vez.
É necessário que isto acabe logo. Tenho raiva de ti, meu amor.
Fui visitar o padre Macedo. Falou-me de ti, mas o que disse foi vago, confuso, diante de dez pessoas. É triste que, para ter notícias tuas, minha filha, eu as ouça em público. Foram minhas irmãs que me disseram o dia do teu aniversário e me deram teu endereço.
Tinhas razão quando afirmaste que entre nós não havia nada. Muito me fazes sofrer.
É preciso que tenhas confiança em mim, que me escrevas cartas extensas, que me abras largamente as portas de tua alma.
Beijo-te as mãos, meu amor.
Recomendo-me aos teus, com especialidade a dona Lili, que vai ser minha sogra, diz ela. Acho-a boa demais para sogra.
Amo-te muito. Espero que ainda venhas a gostar de mim um pouco.
Teu Graciliano.
Palmeira, 16 de janeiro de 1928."

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Oi



Continuando minhas crônicas sobre a última mudança, conto agora como foi pra informar à Oi sobre a mudança de endereço para envio das contas. Apesar dos pesares, a atendente era simpática e tinha um sotaque nordestino calmo como quem aguarda um chá gelado deitado numa rede na varanda...

- Alô? Boa tarde, meu nome é Marcos e eu gostaria de informar que meu endereço para correspondência mudou.
- Pois não, senhor. O senhor poderia estar me confirmando seu CPF por gentileza?
- Tá, é blá blá blá blá blá.
- Ok, senhor. Qual o endereço, senhor?

(Aí entra um detalhe que preciso informar antes de seguir... Embora eu tivesse certeza de que o bairro aqui é Catete, a conta da Light - é, AQUELA Light mesmo - já tinha chegado e indicava o bairro como sendo Glória. Tirei a dúvida com umas vizinhas que me informaram que, de fato, quando se digitava o CEP daqui em algum sistema qualquer, aparecia automaticamente que o bairro era Glória. Sabendo disso, quis adiantar meu lado dessa vez. Rapaz tolo e ingênuo que fui...)

- Meu endereço novo é Rua do Catete, nº blá, casa blá, apartamento blá, bairro da Glória, Rio de Janeiro.
- Só um instante, por favor... Só mais um instante... Senhor, aqui consta que o bairro é Catete. Indica Glória apenas como primeira rua do CEP, e bairro do CA-TE-TE.
- Ah, tá bom, então pode deixar aí como Bairro do Catete.
- Mas o senhor informou bairro da Glória.
- É, é que o CEP desse local costuma dar Glória em muitos sistemas. Como para a Light consta Glória, imaginei que pra vocês seria igual. Mas pode botar Catete aí como bairro que funciona.
- Mas veja bem, senhor... a partir do momento em que o senhor me informou que o bairro é Glória mas o sistema indica o CEP como Catete, eu fico aqui com informações conflitantes. Preciso colocar o bairro certo para evitar extravio da conta.
- Eu entendo, mas eu estou falando aqui pra você colocar Catete. Esquece que eu disse Glória, até os moradores daqui da região se confunfem, é tudo muito misturado, Catete, Glória... O carteiro vai chegar no lugar certo.
- Mas senhor, preciso da confirmação de um segundo número para fazer a ateração aqui no sistema. O senhor poderia estar me informando um outro número residencial de onde o senhor mora?
- Mas eu só tenho essa linha aqui em casa, e acabei de me mudar, não conheço ninguém da vizinhança, não posso ir bater de porta em porta procurando quem me dê o telefone para confirmar isso...
- Entendo, senhor. Então o senhor poderia estar conferindo o número de algum telefone público na sua rua ou próximo para que eu possa estar verificando o bairro?
- Me desculpa, mas você tá pedindo que eu desça até a rua, procure um orelhão e anote o número dele pra voltar aqui e te passar esse núm... Olha, não dá, assim é demais. Por favor, me desculpe, me DESCUUUUULPE por eu ter dito que o bairro era Glória!!! Sabe, eu me confundi, eu tava DOIDO, eu não sei onde eu estava com a cabeça, o bairro é CATETE mesmo!!! Por favor, essa ligação está sendo gravada, né? EU assumo o risco de qualquer extravio de conta que possa ocorrer, mas eu confirmo: o BAIRRO, AQUI, É, CATETE! Por favor.
- Bem, senhor, eu posso estar efetuando a mudança aqui de Glória para Catete então, mas confirmando que foi por instrução do senhor.
- OK, por favor... Eu garanto, pode mudar aí.
- Só um segundo, senhor...
(razoavelmente mais do que um segundo depois)
- Senhor (me retornou ela, com um leve tom de riso na voz... juro), infelizmente o sistema saiu do ar por um instante e apagou os dados... Vamos precisar estar repetindo do começo... Qual o seu endereço novo, mais uma vez?

História real, mesmo. Apesar do desenrolar enrolado, a mulher era tão simpática que, quando me informou da queda do sistema e que teríamos que repetir do começo, eu tive que rir (mas só um pouco, só pra demonstrar simpatia para com ela e a situação). Dessa nova vez foi tudo mais simples. Eu informei que o bairro era Catete e tudo estava concluído em menos de um minuto e meio. Se eu tivesse feito isso, apenas isso, na primeira vez, a conversa não teria durado o que durou nem se tornado o que se tornou, mas daí eu também não teria o que contar aqui, não é verdade?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Light


Prólogo: Para solicitar a transferência de responsabilidade e a religação da luz, por telefone o atendente me instruiu a comparecer em uma das (vou chamar de "lojas") lojas da Light levando minha identidade e meu CPF, bem como cópias destes. Fui na do Metrô do Largo da Carioca, me parecia mais prático. Foi tudo rápido e simples, não precisou das cópias dos documentos pra nada. Saí de lá com um papel comprovando o atendimento, os números de protocolo e a informação de que dentro de 48hs uma equipe da empresa iria lá em casa religar o fornecimento de energia.

É aqui que começa a história...

Como contei no post anterior (Síndica), recebi o imóvel sem luz e sem interfone. Eu não sabia de nada do funcionamento da vila, mas sabia que a caixa onde a equipe da Light deveria mexer estava aqui dentro, pois o local é velho demais (nas contruções menos antigas, esses contadores passaram a ser instalados em área externa, justamente para que a Light possa cortar ou religar a energia sem depender a presença do consumidor). Eu ainda estava morando no antigo apê, então o jeito foi acordar às 7:30hs e partir pra vila para ficar de plantão na escadaria, olhando para o portão principal. Levei livro, levei MP3, mas nada vencia o tédio e a bunda doendo no degrau torto de cimento. Alguns vizinhos passavam e cumprimentavam, outros sequer respondiam ao meu cumprimento. Tudo bem, até aí normal. Vez ou outra eu saía para o boteco ao lado, pedia um pão com ovo, dois pães com manteiga, café com leite, coca-cola, coisas desse tipo iam virando meu café da manhã, almoço e jantar pois, não sei se vocês se lembram, a equipe poderia chegar a qualquer momento entre 8hs e 20hs.

Primeiro dia: nada.

Segundo dia: o relógio já marcava 15hs e nada de Light. Liguei pra lá.

- Alô, boa tarde... Meu nome é Marcos e eu solicitei que religassem a luz da casa pra onde me mudei, mas até agora ninguém veio.
- O senhor poderia estar me informando quando foi feita a solicitação?
- Terça-feira passada.
- A que horas, senhor?
- A que horas? Sei lá, de tarde.
- O senhor pode estar me passando o número do protocolo do serviço?
- Tenho dois aqui, um de religação e outro de transferência de responsabilidade, não diz qual é qual. São número blá e número blá blá blá.
- Só um momento senhor... (um momento)... Senhor, aqui consta a religação no endereço tal, solicitada em nome da Srª Gilda. Confere?
- Gilda?! Não, Gilda era a antiga moradora, eu pedi a transferência de responsabilidade para o meu nome!
- Entendo, senhor. O que acontece: o fato da solicitação estar em nome da Srª Gilda não impede a religação, mas consta no sistema que o pedido foi feito às 17:12hs do dia quatro, então ainda estamos dentro do prazo para a religação, senhor, que é de 48hs a partir da solicitação.
- Então só se depois das cinco da tarde ninguém tiver vindo é que posso ligar pra cobrar?
- Exatamente senhor.

O relógio marcou 17:13hs e liguei novamente.

- Olha, aconteceu isso e isso e isso... já se passaram as 48hs e ninguém veio aqui.
- Só um minuto que estarei verificando o andamento da solicitação, senhor.
(1 minuto)
- Senhor, consta aqui no sistema uma notificação de que a equipe esteve no local no dia seis deste mês mas não encontrou a síndica para pegar a chave que abre o CP.
- Mas peraí, isso é impossível! Dia seis é hoje! EU estou aqui de plantão esse tempo todo e não vi ninguém! Aliás, eu também já tinha me informado com a síndica de que não era necessária chave nenhuma, o marcador fica dentro da minha casa, é lá que eles vão mexer.
- Bom, senhor, é o que consta aqui.
- Mas isso é falso! NINGUÉM esteve aqui! E agora, o que acontece?
- Bom, senhor, com esta notificação, é reaberta a contagem de 48hs para que a equipe esteja realizando o serviço. O prazo passa a ser dia oito.
- Isso é um absurdo, eu afirmo que não esteve equipe nenhuma aqui! Já que essa ligação está sendo gravada, quero deixar registrado que eu vou ligar para a ouvidoria da Light agora mesmo para fazer uma queixa!

Desliguei e lá fui eu ligar pra ouvidoria da Light. Digita número praqui, digita número prali, quando eu acho que cheguei em algum lugar, entra uma gravação dizendo que posso acompanhar o processo através da internet (não, LIGHT! Eu NÃO POSSO acompanhar pela internet porque minha casa está SEM LUZ!), e a ligação desliga-se sozinha ao fim da mensagem. Ok, liguei de novo, digitei tudo de novo, mas desta vez segui outro caminho que me redirecionava "para um de nossos atendentes". Chamou. Chamou. Chamou, chamou, chamou, ninguém atendeu, caiu a ligação. Tentei de novo. Não consegui de novo. Tentei. Não consegui. Tentei. Não consegui...

Como eu já estava muito puto e não conseguia reclamar da Light na ouvidoria da Light, fui ligar para a ANEEL, que é a agência reguladora própria para vigiar as companhias fornecedoras de energia.

- Alô, boa tarde... meu nome é Marcos e estou ligando para me queixar sobre a Light.
- Qual seria a queixa, senhor?
(expliquei a situção sobre a falsa notificação de comparecimento e sobre a ouvidoria que sequer atende as chamadas)
- Entendo, senhor. Qual o prazo que lhe foi dado para a realização do serviço?
- 48hs.
- Que já expirou?
- O prazo original já, mas agora eles reabriram a contagem por mais 48hs sob a alegação de terem comparecido aqui, o que não ocorreu.
- Então não posso estar recebendo sua queixa, senhor, pois o serviço ainda está dentro do prazo informado.
- Mas a queixa é justamente essa! Eles só reabriram a contagem porque informaram lá que estiveram aqui e não encontraram ninguém, mas isso é mentira, ninguém veio aqui!
- Entendo, senhor, mas uma vez que reabriram a contagem deste prazo, o senhor só poderá estar registrando uma queixa caso eles não cumpram esse novo prazo.
- Meu Deus, isso é muito absurdo... Mas e quanto ao fato de a ouvidoria da Light não me atender? Posso reclamar disso? Afinal, é dever da ouvidoria atender os consumidores que vão reclamar da Light.
- Infelizmente, senhor, este procedimento só poderá estar sendo realizado se houver de fato a perda do prazo para a prestação do serviço.
- Mas a queixa agora é outra! Antes eu estava reclamando da notificação falsa dos funcionários da Light, agora eu estou falando do fato de que a ouvidoria da Light não funciona! Não é justamente com vocês que devemos contar para "estar vigiando" esse tipo de desrespeito ao consumidor?
- Se o senhor for o titular da conta, podemos estar registrando essa queixa agora mesmo, senhor.
- ... Bom, acontece que na última vez em que liguei pra Light, me informaram que meu pedido de transferência de responsabilidade não tinha sido realizado também.
- Sinto muito, senhor, mas não posso estar fazendo nada a respeito se o senhor não for o titular da solicitação do serviço, apenas o titular pode dar queixa.
- Então tá... esquece... eu desisto, deixa pra lá. Vou continuar aqui esperando.
- Algo mais em que eu possa estar ajudando o senhor?
- ...

É piada, né? Olha, eu vou falar uma coisa pra vocês... Há um tempo que eu não me sentia assim tão desamparado como ao fim daquela ligação. Você tem apenas UMA companhia que fornece eletricidade ao estado do Rio de Janeiro, e os elementos desta companhia te fazem perder tempo e cagam pra você. Daí você tem a ouvidoria da tal companhia, cuja função é ouvir você para garantir o bom funcionamento da própria, mas eles fingem que não existem (ou fingem que VOCÊ não existe) e cagam pra você. Já beirando a revolta, você finalmente recorre ao topo, à última instância, à agência regulamentadora que deve vigiar o funcionamento da já citada companhia, e eles se fazem de malucos, surdos, sei lá, em resumo, eles cagam pra você também. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, apenas me sentar novamente na escada, esperar dar 20hs para poder ir pro apê e no dia seguinte voltar às 8hs da manhã...

Por fim, no dia seguinte veio o cara do interfone consertar o dito cujo, mais ou menos às 10hs da manhã. Com interfone funcionando, eu poderia aguardar dentro da casa, que era menos ruim do que na escada ao ar livre e sem ter onde encostar. A piada mesmo fica no fato de que a equipe da Light chegou 40 minutos após o conserto do interfone.

Epílogo: Com luz no imóvel, pude providenciar a mudança pesada, especificamente por causa da geladeira. Foram cerca de dois dias e três horas de uma verdadeira provação rumo à iluminação. Agora etávamos eu, geladeira, armário, mesa de jantar, estante, cama, fogão e gatos, finalmente todos lá. Infelizmente estava também, ali, junto de nós, marcando sua presença de forma incômoda e pungente, a impressão de que no Brasil não há prestadora de serviços que preste, de que não temos a quem recorrer em busca de socorro, de que estamos irremediavelmente indefesos à mercê delas. Como concluiu meu amigo blogueiro marioelva, numa "democracia" você até pode, sim, demandar os seus direitos, só que ninguém vai te ouvir.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Síndica



Olá, voltei do ostracismo. Acabo de passar por um processo de mudança que me custou muito mais tempo e dinheiro do que qualquer um gostaria. Por outro lado, me rendeu algumas histórias que pretendo contar aqui numa série de crônicas. Que tal?

Começarei com meu primeiro contato com a síndica desta vila. Muito simpática. Me referi à vila.

Antes de começar a mudança mudaaaaaança mesmo, comecei a resolver as questões necessárias para a sobrevivência, como a religação da eletricidade no imóvel. Acontece que o interfone da casa estava quebrado, e como os funcionários da Light poderiam chegar a qualquer momento entre 8hs e 20hs dentro de um período de dois dias, ficava eu sentado lá na escadaria principal da vila, olhando para o portão. Até saía para comer algo no boteco do lado, mas sempre olhando para o portão. Foi bom do ponto de vista de que acabei conhecendo metade dos moradores do local. Foi ruim do ponto de vista de que talvez eu passe a ser conhecido como o maníaco da escada.

Na dúvida de onde exatamente os funcionários da Light deveriam mexer pra religar a luz, fui perguntar ao zelador que reformava a entrada principal quem era a síndica e onde eu a encontraria. Neste exato momento entra uma senhora para quem o zelador prontamente aponta e diz "olha ela aí, Dona Fulana o nome dela." E daí a conversa seguiu assim:

- Olá, a senhora é a síndica? Dona Fulana?
- O que foi?!

Esse "o que foi?" foi dito num tom que misturava tédio absoluto, desdém parcial e um sublime ódio sem alvo específico.

- Meu nome é Marcos e sou novo morador da casa tal, bloco tal... É o seguinte: estou aqui esperando a Light pra religar a luz e queria saber se preciso de alguma chave pra abrir essa caixa de força aqui.
- Pra que que você quer a chave daqui?! Não tem nada que abrir caixa de força nenhuma! Essa caixa aqui é do controle das luzes da vila, do pátio, das escadas! Na casa tem medidor dentro, é lá que mexe! E você tem que mandar consertar seu interfone, tá com defeito e dando retorno aqui no interfone da entrada!
- Sei disso, o conserto já foi solicitado. Por acaso o interfone lá vai funcionar mesmo sem eu ter luz em casa?
- Acho que não, você tem que mandar a Light religar logo a sua luz.
- Mas então, é isso que estou esperando aqui na escada o dia inteiro, que a Light venha religar minha luz para que quando o cara do conserto chegue possa testar seja lá o que for.
- Mas você tem que mandar ele consertar logo porque não é pra você ficar sentado aqui na escada esperando a Light, tem que aguardar a Light em casa.
- Sei... então deixa eu ver se entendi, a senhora tá me dizendo que tenho que consertar o interfone logo para que eu possa esperar em casa que a Light venha religar minha luz para que então eu possa consertar meu interfone.
- É.

Dei a conversa por encerrada com um sorriso amarelo condescendente e uma lenta piscada de olhos e um "ok, então, muito obrigado".

Era apenas a primeira de muitas bizarrices que eu teria que ouvir nas semanas que se seguiram... Na próxima postagem: Light.