segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Síndica



Olá, voltei do ostracismo. Acabo de passar por um processo de mudança que me custou muito mais tempo e dinheiro do que qualquer um gostaria. Por outro lado, me rendeu algumas histórias que pretendo contar aqui numa série de crônicas. Que tal?

Começarei com meu primeiro contato com a síndica desta vila. Muito simpática. Me referi à vila.

Antes de começar a mudança mudaaaaaança mesmo, comecei a resolver as questões necessárias para a sobrevivência, como a religação da eletricidade no imóvel. Acontece que o interfone da casa estava quebrado, e como os funcionários da Light poderiam chegar a qualquer momento entre 8hs e 20hs dentro de um período de dois dias, ficava eu sentado lá na escadaria principal da vila, olhando para o portão. Até saía para comer algo no boteco do lado, mas sempre olhando para o portão. Foi bom do ponto de vista de que acabei conhecendo metade dos moradores do local. Foi ruim do ponto de vista de que talvez eu passe a ser conhecido como o maníaco da escada.

Na dúvida de onde exatamente os funcionários da Light deveriam mexer pra religar a luz, fui perguntar ao zelador que reformava a entrada principal quem era a síndica e onde eu a encontraria. Neste exato momento entra uma senhora para quem o zelador prontamente aponta e diz "olha ela aí, Dona Fulana o nome dela." E daí a conversa seguiu assim:

- Olá, a senhora é a síndica? Dona Fulana?
- O que foi?!

Esse "o que foi?" foi dito num tom que misturava tédio absoluto, desdém parcial e um sublime ódio sem alvo específico.

- Meu nome é Marcos e sou novo morador da casa tal, bloco tal... É o seguinte: estou aqui esperando a Light pra religar a luz e queria saber se preciso de alguma chave pra abrir essa caixa de força aqui.
- Pra que que você quer a chave daqui?! Não tem nada que abrir caixa de força nenhuma! Essa caixa aqui é do controle das luzes da vila, do pátio, das escadas! Na casa tem medidor dentro, é lá que mexe! E você tem que mandar consertar seu interfone, tá com defeito e dando retorno aqui no interfone da entrada!
- Sei disso, o conserto já foi solicitado. Por acaso o interfone lá vai funcionar mesmo sem eu ter luz em casa?
- Acho que não, você tem que mandar a Light religar logo a sua luz.
- Mas então, é isso que estou esperando aqui na escada o dia inteiro, que a Light venha religar minha luz para que quando o cara do conserto chegue possa testar seja lá o que for.
- Mas você tem que mandar ele consertar logo porque não é pra você ficar sentado aqui na escada esperando a Light, tem que aguardar a Light em casa.
- Sei... então deixa eu ver se entendi, a senhora tá me dizendo que tenho que consertar o interfone logo para que eu possa esperar em casa que a Light venha religar minha luz para que então eu possa consertar meu interfone.
- É.

Dei a conversa por encerrada com um sorriso amarelo condescendente e uma lenta piscada de olhos e um "ok, então, muito obrigado".

Era apenas a primeira de muitas bizarrices que eu teria que ouvir nas semanas que se seguiram... Na próxima postagem: Light.

2 comentários:

Flavia disse...

Meu Deus, e eu achando que esse tipinho de gente mal educada, amargada e louca sem motivo aparente só existia aqui do outro lado do oceano...
conta mais.

mario elva disse...

Eu odeio a síndica.