Muito tempo sem escrever aqui, sem coisa alguma para apresentar neste blog. Cabeça vazia ou cheia demais? Muita bagunça por dentro, mas também muita bagunça ao redor.
Sábado passado fui ao shopping comprar algo para dar de presente de natal pra quem me importa. Nada de extras, nem politicagens, nem diplomacia: presentes, só pra quem quero bem. Na volta, por preguiça de andar até o ponto, peguei uma kombi que passava pela Portuguesa e depois seguia até a Praia da Bica. Até aí nada demais. A kombi foi vazia, de passageiro só eu. Nunca tem muitos para o Jardim Guanabara. Foi quando, pouco após a igrejinha da praia, outra kombi passou pela nossa com uma mulher (que seria a trocadora daquela kombi) gritando e gesticulando obscenidades pela janela do carona. Pelo jeito como o motorista da kombi onde eu estava respondeu, aquilo era a continuação de uma briga que começou em algum outro lugar, em algum outro momento. Seguimos em frente e eu pedi para que o motorista me deixasse no ponto da esquina da minha rua, mas ele parou misteriosamente uns 20 metros antes e ficou olhando para o retrovisor. Foi quando a tal outra kombi da mulher gritando freiou cantando pneu e parou na frente da nossa, e a mulher veio berrando e apontando o dedo pra cara do motorista, dizendo que ele não era homem, coisa e tal. É nesse momento que eu descubro que tudo se originou do fato de o cara ter ofendido ela, chamado de sapata e coisas do tipo, sei lá quando. Ela era sapata mesmo (ela admitiu aos brados naquele momento), mas disse que aquilo não era da conta dele, que era um covarde, corno, viado, babaca, etc. e disse que ia largar chumbo nele.
Já não acreditando que aquilo estava acontecendo faltando poucos metros pra eu descer, meu espanto aumentou quando o babaca do motorista acelerou com tudo pra cima da mulher, subindo pela calçada de forma brutal e acidentada. Ela desviou por pouco, correu até a kombi de onde tinha vindo e pegou uma arma. Pois é. A promessa que tinha feito durante a discussão não foi brincadeira: ela começou a atirar contra a gente, e eu deitei no chão do carro, puxando comigo o menino de aproximadamente 6 anos que estava ao meu lado (era filho da cobradora). Acho que os tiros foram pro alto (não vi, não dava, mas contei quatro), pois nenhum vidro estourou, e não ouvi impactos na lataria. O idiota do motorista acelerou pra fugir desesperado, passando muito do meu ponto, daí me levantei do chão e, xingando de irresponsável e outras palavras menos classudas, mandei ele parar pra eu descer. A cobradora juntou-se aos meus berros e o motorista foi forçado a parar. Desci ainda meio na adrenalina, e a kombi arrancou rapidamente, com a outra (da atiradora) em perseguição. Sumiram depois da esquina, e eu nunca saberei como terminou.
Cheguei em casa com uma sacola contendo camiseta, sandália e anéis dourados, presentes para aqueles a quem amo, a quem eu ainda estava vivo o suficiente para amar. Intacto. Lavei minhas mãos na pia da cozinha com detergente, bebi uma água gelada e me lembrei de que aquela era a terceira vez em 2007 em que eu ficava à mercê de tiros tão de perto (contadas uma na esquina da Rio Branco com a Visconde de Inhaúma na hora do almoço, outra na linha vermelha sábado à tarde, passando de moto entre viaturas e policiais agachados disparando seus fuzis). “Lugar errado na hora errada” virou uma constante da qual sinceramente abro mão.
Então, este fica sendo meu conto de natal. Feliz natal pra você.
2 comentários:
Vamos escrever um roteiro sobre a história. Quem sabe não vira oi próximo Tropa De Elite? Pode chamar, A Kombi, A Sapata e o Babaca. Não, o Babaca é o motorista da Kombi.
difícil encontrar alguém no rio de janeiro q não tenha estado à mercê de assaltantes, policiais, enchentes, etc, pelo menos uma vez ao ano.
triste, muito triste.
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