Não
Por favor
Por favor, Lilith, agora
Abandone-me à minha própria sorte
Te pedi tantas vezes outras
Te perdi tantas outras vezes quantas
Mas finalmente, Lilith, agora
Creio que te perdi de vez
Ao menos por enquanto
Te perdi de vez, amor terrível
Terrível mas meu, amor que eu tinha
Me perdeste de vez também
Ao menos por enquanto
Lilith, amor meu
Devoraste meu corpo
Devoraste minha alma
Mil vezes sem limite
Enquanto te devorava eu
Na cama que quebramos
Reerguida após cada queda
Como nosso eterno adeus e retorno
Em um ano inteiro assim
De palavras, de ameaças
E de promessas nunca cumpridas
Por isso, rogo-te, Lilith
(e não me faças rogar em vão)
Se desta vez me mataste de vez
Em vez de ressuscitar-me, enterre-me
No canto de teu coração, Lilith
Que um dia me foi reservado
Nunca te esqueças, Lilith minha
Que para sempre sentirei
O cheiro de teu humor
O gosto de teu amor
A falta de teu corpo, Lilith
E falta dos nossos filhos
Em verdade teus filhos, tão meus
Que para sempre amarei também
Lilith, amada, adeus então
É o fim do mundo, mas vai passar
Deito-me em teu colo, imaginário agora
E já pesam meus olhos, amor
Meus olhos se fecham, para sempre
Com minha alma ainda presa ao corpo
Um corpo que ainda te sente
O que eu fiz?
O que foi que nos aconteceu, Lilith?
Adeus
Mas de nada sei
Então adeus, Lilith
Amor meu
Adeus
Por enquanto
Por favor
Por favor, Lilith, agora
Abandone-me à minha própria sorte
Te pedi tantas vezes outras
Te perdi tantas outras vezes quantas
Mas finalmente, Lilith, agora
Creio que te perdi de vez
Ao menos por enquanto
Te perdi de vez, amor terrível
Terrível mas meu, amor que eu tinha
Me perdeste de vez também
Ao menos por enquanto
Lilith, amor meu
Devoraste meu corpo
Devoraste minha alma
Mil vezes sem limite
Enquanto te devorava eu
Na cama que quebramos
Reerguida após cada queda
Como nosso eterno adeus e retorno
Em um ano inteiro assim
De palavras, de ameaças
E de promessas nunca cumpridas
Por isso, rogo-te, Lilith
(e não me faças rogar em vão)
Se desta vez me mataste de vez
Em vez de ressuscitar-me, enterre-me
No canto de teu coração, Lilith
Que um dia me foi reservado
Nunca te esqueças, Lilith minha
Que para sempre sentirei
O cheiro de teu humor
O gosto de teu amor
A falta de teu corpo, Lilith
E falta dos nossos filhos
Em verdade teus filhos, tão meus
Que para sempre amarei também
Lilith, amada, adeus então
É o fim do mundo, mas vai passar
Deito-me em teu colo, imaginário agora
E já pesam meus olhos, amor
Meus olhos se fecham, para sempre
Com minha alma ainda presa ao corpo
Um corpo que ainda te sente
O que eu fiz?
O que foi que nos aconteceu, Lilith?
Adeus
Mas de nada sei
Então adeus, Lilith
Amor meu
Adeus
Por enquanto
8 comentários:
Bacana, Marcos, doideira, hein?
Beijos!!!
Os momentos merdas da vida às vezes servem como inspiração p ara coisas legais. Pelo menos para isso...
Nossa, Marcos, eu tô sem palavras diante de tamanha dor, beleza e sensibilidade expressas nesses versos. Brilhante e tocante tudo o que vc (d)escreveu. Bom, é fato que sou deveras sensível e que a poesia me cativa tanto mais do que a prosa. Mas, menino, não foi só Lilith que devorou sua alma, mas vc nos devora com essas palavras...
É difícil destacar um único trecho que tenha mais me impressionado, mas logo que li o que me chamou a atenção foi esse:
“Nunca te esqueças, Lilith minha
Que para sempre sentirei
O cheiro de teu humor
O gosto de teu amor
A falta de teu corpo, Lilith...”
Muito curioso e perspicaz foi a escolha do nome Lilith, dado às inúmeras referências que temos a esse nome: demônio feminino da noite, ao vento (que é peculiarmente instável – “la donna è mobile”...), alegoria de libertinagem, primeira mulher bíblica de Adão, mas que o abandonou por não concordar em "ficar sempre em baixo durante as relações sexuais", dado que já indicava a posterior associação desse nome ao feminismo. Fato é: Lilith se rebelou, abandonou, marcou, mas também foi marcada. Estigmatizada não só pela sociedade e cultura Cristã, mas pelo(s) homem(ns) que a marcou(aram), que a fez(fizeram) querer mudar e se rebelar. Não foi só vc quem foi abandonado ou estigmatizado por Lilith, ela também foi abandonada e estigmatizada por outros homens, pela sociedade patriarcal, pela ilusões, pelas cobranças e pressões que ela mesma se impõe... Lilith, a primeira mulher de Adão, e, embora estigmatizada, esquecida, não citada. Teria Adão esquecido-a como o restante da civilização Cristã? Ela foi a primeira a se rebelar, a contestar, a lhe colocar frente-a-frente com o espelho da dor. Mas o irônico é que a dor não vai apenas em uma direção, posto que reverbera para vários ângulos e cintila em outras pessoas, até mesmo em quem a gerou, e nesse jogo especular nos faz mais próximos, quando nos queremos distantes, ou nos faz perdidos, quando tudo o que queremos é um porto seguro... Ao final, vc sugere um adeus temporário, “por enquanto”. Pois então, ficam aqui meus desejos de que o mesmo fogo que lhe devorou e abrasou nesse amor, possa lhe depurar e, em seguida, como com outra figura mitológica – a fênix – fazer-lhe renascer de suas próprias cinzas, do seu recolhimento, de sua dor, para que possas brilhar e voar alto, novamente, livre, leve e magnífico como és e encantar novas deusas, sejam da noite, sejam do dia, sejam outras, sejam as mesmas (agora mudadas), mas acima de tudo, deusas não mais da morte, mas da Vida e, como Vênus, Deusas do Amor.
Beijo enorme no seu coração!
Parabéns pela sensibilidade!
Oi Marcos,
gostei muito do poema, muito mesmo, pois ele é tocante. Sempre gostei da sua perspicácia com trocadilhos, e nesse poema você o faz sutilmente a cada estrofe, utilizando-se da repetição. Muito interessante e muito inteligente. Gosto disso.
Só não gostei daquele trecho dos filhos... Me pareceu real demais; e gosto de poesias que deixem aquele ar de ilusão, de inspiração... não gosto de visualizar a história como se tivesse existido, gosto de ler a história me perguntando se não se trata apenas de uma viajem do poeta...
Mas isso é problema meu, eu sou assim. Só quis compartilhar.
Mas gostei muito, pois é uma poesia cheia de poesia! :-)
Beijos!
Marquinhos, como sempre, arrasando, hein?
"Se desta vez me mataste de vez
Em vez de ressuscitar-me, enterre-me
No canto de teu coração, Lilith
Que um dia me foi reservado"
Esta, provavelmente, foi a parte mais tocante e mais dolorosa de todo o poema. Quem nunca se sentiu assim alguma vez na vida, né? Quem dera que todas as vezes que doeu pudesse ter sido enterrado de vez pra não ficarmos naquela vã esperança de que um dia, mesmo que seja um dia lá longe, vc vai acordar e descobrir que foi só um pesadelo... Quem dera...
Parabéns, provavelmente o poema mais lindo que vc já escreveu!
Bjks!
Cara, gostei. Achei bem interessante. Conseguiu transferir tudo o que escreve em prosa pro verso. Como sempre, mandou muito bem!!
Stellinha, Mário, Cida, Karen, Gi e JP: muito, mas muito obrigado mesmo pelos seus comentários!!! Não costumo escrever poemas (minha onda é prosa), mas esse poema forçou sua saída para este mundo. Vocês, meus amigos, me deram um reconhecimento que me fortalece demais!!!
Espero sempre poder produzir textos que vocês possam ler, refletir e digerir, da forma que for!!!
Obrigado!!!
Bem, só vou reforçar o que todos já disseram: essa é mais uma das suas belas criações. Não pare de produzir poemas, Marcos. Você tem muito talento!!!
Um grande beijo!
Postar um comentário