“Odeio como as pessoas hoje em dia tratam umas às outras como objetos, sem se aprofundarem, sem respeito, vivendo tão superficialmente e desconsiderando o sentimento dos outros, como podem ser assim...”, disse a bela menina-mulher, indignada com o comportamento repetidamente observado em suas tristes experiências, bem como nas noites cariocas. Na sexta-feira seguinte, ela saiu com amigas pra uma boate e ficou com dois caras: um marombado que a puxou pelo braço querendo um beijo, e em outro momento da noite, um tipo modelo, de cabelo com mechas loiras. Ela não sabe o nome de nenhum dos dois. Ela também não sabe, mas acaba de contrair hepatite.
“Ah cara, sinto tanta falta dela... Não entendo por que ela me deixou! Sei que fui muito ciumento e controlador, mas agora sei o que fiz de errado. Se ela voltasse pra mim, tudo seria diferente”, disse Gerôncio, chorando no ombro dos amigos. Sua ex-namorada aceitou voltar com ele duas semanas depois. Três dias depois de voltarem, Gerôncio já a chamava de piranha, vagabunda, a puxando pelo braço na frente dos outros em uma festa. Ele não gostou do jeito como ela dançava com aquela calça apertada em um quadril rebolante. Ele disse que, se ela o abandonar de novo, ele a mata.
“Oh, Astrogildo... Como eu te amo e amo muito, imensamente! Quero ter filhos com você, quero passar minha vida contigo! Vamos viajar no próximo feriado? Aliás, vamos começar a juntar dinheiro para tirarmos férias juntos e viajar pela Europa ano que vem?”, disse a jovem pendurada no pescoço de seu namorado. Isso foi numa quarta-feira. No sábado ela telefonou para Astrogildo, já de manhã cedo, dizendo que não queria vê-lo naquele fim de semana. Antes de desligar, ela pensou bem e decidiu que era melhor mesmo eles terminarem. Astrogildo não sabe até hoje o motivo. Na verdade, o que ele não sabe é que, de fato, não houve um motivo.
Os casos acima são fictícios (?), mas qualquer semelhança com histórias que você conheça não será mera coincidência. Você goste ou não, aceite ou não, as coisas acontecem assim (ou pior, as pessoas acontecem assim). Numa noite é “eu te amo demais como nunca amei ninguém”, no dia seguinte é “eu te gosto, mas acontece que não posso ficar contigo, não dá”. Os “porquês” ninguém nunca saberá, simplesmente porque eles talvez nem existam. Acontece desse jeito porque sim, sacou?
Ainda que você não reconheça algum dos comportamentos acima em si mesmo(a), conhece uma pá de gente que age assim. É comum. É isso aí mesmo. É assim que acontece e pronto....
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Será mesmo?