Vou receber uns convidados aqui de vez em quando, e queria começar com o Fernando Pessoa, mais precisamente sob seu heterônimo Alberto Caeiro. De um pequeno livro (L&PM Pocket) retirei o poema que reproduzo abaixo. Em breve eu volto aqui com meus próprios escritos, prometo, mas eu queria muito compartilhar este que, dentre vários poemas do livrinho, me chamou a atenção.
"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe o paladar,Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
- Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja..."